sexta-feira, 23 de julho de 2010

A negra máscara de Zé Kéti



José Flores de Jesus, aliás, Zé Kéti, um dos sambistas mais celebrados do Brasil, não teve um fim de vida confortável. Em sua vasta obra musical estão preciosidades como “Acender as Velas”, “Máscara Negra”, “Diz Que Fui Por Aí”, “A Voz do Morro” e “Opinião”, samba que deu nome ao memorável show do Teatro Opinião em 1964. Morreu de falência múltipla dos órgãos, em 1999, aos 78 anos.

Como foi – Pois é... Autor de sucessos inesquecíveis viu diminuir as chances de trabalhar nas noites cariocas. Estive com Zé Kéti em 1991. Fui fotografá-lo para o livro “Senhoras e Senhores”, parte de uma bolsa que ganhei da Fundação VItae. Foi Em 1991, quando ele decidiu mudar-se para São Paulo. Morava de favor no quartinho de um minúsculo apartamento da Rua Augusta, cedido por uma amiga que batalhava até a madrugada. Durante o dia, estendia na cama o paletó xadrez para desamarrotá-lo enquanto lustrava os sapatos. Por volta da meia noite saía para os botequins da Boca do Lixo, onde cantava para os boêmios as músicas que compôs, em troca da sobrevivência.

Orlando Brito.



Máscara Negra
Composição: Zé Keti-Pereira Mattos



Quanto riso oh quanta alegria

Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando

Pelo amor da colombina

No meio da multidão



Foi bom te ver outra vez

Está fazendo um ano

Foi no carnaval que passou

Eu sou aquele pierrô

Que te abraçou e te beijou meu amor

Na mesma máscara negra

Que esconde o teu rosto

Eu quero matar a saudade

Vou beijar-te agora

Não me leve a mal

Hoje é carnaval


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