sábado, 19 de fevereiro de 2011

Testamento

Dedico esta postagem aos trabalhadores compulsivos, assim como eu. Contudo, diferente de quem agora faz a leitura, não ando ganhando pra juntar...






Você que só ganha pra juntar

O que é que há, diz pra mim, o que é que há?

Você vai ver um dia

Em que fria você vai entrar



Por cima uma laje

Embaixo a escuridão

É fogo, irmão! É fogo, irrnão!



Falado



Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...



Cantado



Você que não pára pra pensar

Que o tempo é curto e não pára de passar

Você vai ver um dia, que remorso!



Como é bom parar

Ver um sol se pôr

Ou ver um sol raiar

E desligar, e desligar



Falado



Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito (e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra



Cantado



Você que só faz usufruir

E tem mulher pra usar ou pra exibir

Você vai ver um dia

Em que toca você foi bulir!

A mulher foi feita

Pro amor e pro perdão

Cai nessa não, cai nessa não



Falado



Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas



Cantado



Você que não gosta de gostar

Pra não sofrer, não sorrir e não chorar

Você vai ver um dia

Em que fria você vai entrar!



Por cima uma laje

Embaixo a escuridão

É fogo, irmão! É fogo, irmão!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por expressar seu ponto de vista.