Jovem, sempre impondo a voz como quem já sabe onde vai chegar. Centrado, profissional graduado, comentarista politico e conciliador, acredito... Esta é parte da biografia de Eron Cid. Não o conheço, mas gostaria de fazer um questionamento ao estimado leitor, sobre a postagem do aludido radialista, então blogueiro, mesmo que seja quatro anos e vinte e três dias depois.... Ele estava certo?
Cássio: fraqueza e resistência
É impressionante ver um político como Cássio Cunha Lima,
jovem, no segundo mandato do maior posto da hierarquia estadual, dono de
imensurável empatia popular, agora acuado, sem poder de fogo e perdendo as
últimas forças que lhe restam.
Dizer isso não é exagero ou provocação, mas é chegar a uma
conclusão nua e crua. O xadrez político-eleitoral de 2008 deixa a situação
muito clara.
O governador ver se esvair por suas mãos partidos que
integram seu governo, mesmo com cargos na administração estadual, e indo de encontro
ao projeto (2008/2010) audacioso do socialista Ricardo Coutinho (PSB).
Acossado por ações na Justiça Eleitoral e respirando no
balão de oxigênio de duas liminares do TSE, Cássio pouco ou nada pode fazer.
Por uma razão muito simples: fragilizado como está, o governador fica sem
condições de colocar a "faca no buxo" dos aliados e dizer: ou fica
com meu candidato em João Pessoa ou entregue os cargos no Governo.
Além disso, Cunha Lima sabe que precisa chegar em 2010 com o
mínimo de arestas partidárias possível para pleitear o mandato de senador da
República. Então, é melhor engolir muitos sapos agora do que impor condições e
perder 'todo mundo' definitivamente.
Essa lógica é compreendida por muitos tucanos do bico
grosso. Integrante da cúpula do PSDB na Paraiba outro dia me confessava:
"a gente não concorda com essa liberação de Cássio, mas por outro lado
entendemos as circunstâncias que ele convive".
Os partidos que hoje fazem jogo duplo (dizem apoiar o
Governo do Estado, mas votam com Ricardo Coutinho em João Pessoa), só estão
fazendo isso agora porque sabem a situação delicada que o governador passa.
Por que não agiram assim em 2004, quando Cássio estava no
início do Governo Estadual e com o controle absoluto da situação, ainda que
começando a amargar profundo desgaste, fruto da briga com o Correio da Paraíba?
Tudo bem que todas essas legendas (PDT, PTB e PPS) tenham
todo o direito de votar em quem quiser para prefeito. O melhor é se tivessem a
coragem de jogar limpo e romper de uma vez com o tucanato rumo aos braços de
Ricardo Coutinho e da provável candidatura do "mago" ao Governo do
Estado, em 2010. Seria mais coerente e afastaria a imagem de oportunismo e
dubiedade.
A promessa
Como dizia no começo deste comentário, Cássio Rodrigues da
Cunha Lima tinha tudo para ser o melhor governador da história deste Estado.
Currículo vitorioso, administração festejada em Campina Grande, herdeiro da
força política do pai, Cássio vendeu o discurso da renovação, mas não conseguiu
(pode até ter tentado) romper com as velhas práticas que cercam a política
paraibana.
É bem verdade que fez o Estado avançar em alguns pontos. Tem
conseguido dialogar com todas as categorias do funcionalismo estadual e
oferecer ganhos positivos, o que não ocorreu no Governo de seu antecessor.
Exemplo ilustrativo foi a greve das Polícias recentemente.
Sentou com todos, ouviu as categorias e deu as propostas que o Estado considera
possíveis de se cumprir. Resultado: sem muitos traumas, o movimento cessou e a
greve acabou. Não foi preciso Exército e nem instalação de processos contra os
grevistas.
Erro de avaliação
Mas por que Cássio não consegue mostrar a sociedade algum
mérito do seu Governo? Talvez por ter do outro lado uma Oposição combativa, que
não lhe dá sossego um instante, e sofrer contra-ponto diário de um Sistema de
Comunicação (o maior do Estado) que tem coragem de mostrar todos os defeitos e
erros da gestão estadual, o que há muito tempo não acontecia no Estado com
tanto vigor.
Fazer do Correio da Paraíba um inimigo a ser combatido certamente
foi o maior erro de avaliação do governador paraibano. Cássio achava que
quebraria o conglomerado de Roberto Cavalcanti perseguindo as empresas com CPI,
cortando publicidade e pressionando anunciantes ligados ao grupo Cunha Lima a
retirar anúncios.
A ação teve efeito colateral: de 2003 pra cá foi a fase de
maior crescimento de audiência do Sistema Correio e consolidação de novos
empreendimentos e projetos. Enquanto isso, ao longo desses anos Cássio só vem
angariando desgaste profundo. Até chegar ao ponto de ficar sem condições de
sequer manter um anêmico PPS na sua base de apoio em João Pessoa.
Resistência
Ainda mais impressionante é assistir ao governador, sendo
alvo de um furacão ininterrupto, ainda vendendo a imagem de que está vivo e não
vai se entregar fácil. Resistir a dor de cabeça de graves processos na Justiça,
constantes denúncias de corrupção eleitoral, e recheado noticiário
desfavorável, não é coisa pra qualquer um.
Muitos já teriam jogado a toalha. Cássio pelo menos tenta se
manter imponente, rosado, inabalável e disposto a lutar até as últimas
consequências para se manter de pé, embora até ele saiba que a queda é algo que
não se pode ignorar, por razões evidentes.
O texto acima foi publicado por Eron, em 19 de maio de 2008, no seu blog.
(http://heroncid.blogspot.com.br)
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