segunda-feira, 11 de junho de 2012

Heron Cid - Quatro anos e 23 dias depois

Jovem, sempre impondo a voz como quem já sabe onde vai chegar. Centrado, profissional graduado, comentarista politico e conciliador, acredito...  Esta é parte da biografia de Eron Cid. Não o conheço, mas gostaria de fazer um questionamento ao estimado leitor, sobre a postagem do aludido radialista, então blogueiro, mesmo que seja quatro anos e vinte e três dias depois....   Ele estava certo? 





Cássio: fraqueza e resistência




É impressionante ver um político como Cássio Cunha Lima, jovem, no segundo mandato do maior posto da hierarquia estadual, dono de imensurável empatia popular, agora acuado, sem poder de fogo e perdendo as últimas forças que lhe restam.

Dizer isso não é exagero ou provocação, mas é chegar a uma conclusão nua e crua. O xadrez político-eleitoral de 2008 deixa a situação muito clara.

O governador ver se esvair por suas mãos partidos que integram seu governo, mesmo com cargos na administração estadual, e indo de encontro ao projeto (2008/2010) audacioso do socialista Ricardo Coutinho (PSB).

Acossado por ações na Justiça Eleitoral e respirando no balão de oxigênio de duas liminares do TSE, Cássio pouco ou nada pode fazer. Por uma razão muito simples: fragilizado como está, o governador fica sem condições de colocar a "faca no buxo" dos aliados e dizer: ou fica com meu candidato em João Pessoa ou entregue os cargos no Governo.

Além disso, Cunha Lima sabe que precisa chegar em 2010 com o mínimo de arestas partidárias possível para pleitear o mandato de senador da República. Então, é melhor engolir muitos sapos agora do que impor condições e perder 'todo mundo' definitivamente.

Essa lógica é compreendida por muitos tucanos do bico grosso. Integrante da cúpula do PSDB na Paraiba outro dia me confessava: "a gente não concorda com essa liberação de Cássio, mas por outro lado entendemos as circunstâncias que ele convive".

Os partidos que hoje fazem jogo duplo (dizem apoiar o Governo do Estado, mas votam com Ricardo Coutinho em João Pessoa), só estão fazendo isso agora porque sabem a situação delicada que o governador passa.

Por que não agiram assim em 2004, quando Cássio estava no início do Governo Estadual e com o controle absoluto da situação, ainda que começando a amargar profundo desgaste, fruto da briga com o Correio da Paraíba?

Tudo bem que todas essas legendas (PDT, PTB e PPS) tenham todo o direito de votar em quem quiser para prefeito. O melhor é se tivessem a coragem de jogar limpo e romper de uma vez com o tucanato rumo aos braços de Ricardo Coutinho e da provável candidatura do "mago" ao Governo do Estado, em 2010. Seria mais coerente e afastaria a imagem de oportunismo e dubiedade.

A promessa

Como dizia no começo deste comentário, Cássio Rodrigues da Cunha Lima tinha tudo para ser o melhor governador da história deste Estado. Currículo vitorioso, administração festejada em Campina Grande, herdeiro da força política do pai, Cássio vendeu o discurso da renovação, mas não conseguiu (pode até ter tentado) romper com as velhas práticas que cercam a política paraibana.

É bem verdade que fez o Estado avançar em alguns pontos. Tem conseguido dialogar com todas as categorias do funcionalismo estadual e oferecer ganhos positivos, o que não ocorreu no Governo de seu antecessor.

Exemplo ilustrativo foi a greve das Polícias recentemente. Sentou com todos, ouviu as categorias e deu as propostas que o Estado considera possíveis de se cumprir. Resultado: sem muitos traumas, o movimento cessou e a greve acabou. Não foi preciso Exército e nem instalação de processos contra os grevistas.

Erro de avaliação

Mas por que Cássio não consegue mostrar a sociedade algum mérito do seu Governo? Talvez por ter do outro lado uma Oposição combativa, que não lhe dá sossego um instante, e sofrer contra-ponto diário de um Sistema de Comunicação (o maior do Estado) que tem coragem de mostrar todos os defeitos e erros da gestão estadual, o que há muito tempo não acontecia no Estado com tanto vigor.

Fazer do Correio da Paraíba um inimigo a ser combatido certamente foi o maior erro de avaliação do governador paraibano. Cássio achava que quebraria o conglomerado de Roberto Cavalcanti perseguindo as empresas com CPI, cortando publicidade e pressionando anunciantes ligados ao grupo Cunha Lima a retirar anúncios.

A ação teve efeito colateral: de 2003 pra cá foi a fase de maior crescimento de audiência do Sistema Correio e consolidação de novos empreendimentos e projetos. Enquanto isso, ao longo desses anos Cássio só vem angariando desgaste profundo. Até chegar ao ponto de ficar sem condições de sequer manter um anêmico PPS na sua base de apoio em João Pessoa.

Resistência

Ainda mais impressionante é assistir ao governador, sendo alvo de um furacão ininterrupto, ainda vendendo a imagem de que está vivo e não vai se entregar fácil. Resistir a dor de cabeça de graves processos na Justiça, constantes denúncias de corrupção eleitoral, e recheado noticiário desfavorável, não é coisa pra qualquer um.

Muitos já teriam jogado a toalha. Cássio pelo menos tenta se manter imponente, rosado, inabalável e disposto a lutar até as últimas consequências para se manter de pé, embora até ele saiba que a queda é algo que não se pode ignorar, por razões evidentes.




O texto acima foi publicado por Eron,  em 19 de maio de 2008,  no seu blog.
 (http://heroncid.blogspot.com.br)


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