" QUANDO O PILANTRA ASSUME O LUGAR DO JORNALISTA "
Num momento em que mais uma eleição bate à porta, clama pela vigilância
a perceptibilidade a avivar no internauta a importância de estar atento ao que
é evacuado sem o menor escrúpulo com a cristalina intenção de fisgar quem se
permite estar alheio à rasteira vassalagem. Disfarçado de jornalista,
cinicamente, o pilantra puxa-saco entra em cena e permuta a ética intrínseca à
arte. Qualquer esmola untuosa serve ao objetivo sujo de entorpecer para afagar
egos. Para cumprir a baixa missão. E óbvio: tentar jogar na vala comum
adversários dos chefes valendo-se de "jornalismo" vendido. De
aleives.
Ironicamente, todavia, a desfaçatez do pilantra é, digamos assim, mais
uma piada do processo eleitoral. Assim como sempre surgem candidatos que
provocam risos no eleitor simplesmente por aparecer no vídeo, há quem seja
ridicularizado por se vender. Aliás, a babação em política já é por demais
conhecida. E se renova a cada eleição.
O cínico pensa que subestima a inteligência alheia, mas, na verdade,
serve é de gozação não apenas pelas asneiras que escreve sem amparo na lógica,
na ética e no bom senso, mas também pelo descompasso com as regras gramaticais.
Note-se que desmoraliza o baixo empregado não apenas quem lhe paga, mas,
sobretudo, quem o reconhece com o que o senso comum denomina
"pau-mandado". Um cidadão descaradamente vendido. Pronto a dar
recados. A escrever descartando a imparcialidade dos sábios. O espelho da
desfaçatez sobrevive, literalmente, da forma baixa que abraçou, e ainda nutre a
sensação de ser formador de opinião. Não enxerga que sem preparo, sem a bagagem
cultural necessária para tal incumbência, só consegue persuadir mesmo
mentecapto.
Juízo exposto, convido o internauta a uma reflexão: o que dizer de um
"jornalista" que não se assume como assessor de qualquer político ou
empresário (sério ou não) disposto a lhe pagar para dar recado, censurar e
malhar adversários, mentir, delirar, escrever besteiras, bancar ‘Mãe Dinah´...
tudo isso, óbvio, à custa do embrutecimento de parte do eleitorado? Aquela
parcela da sociedade para a qual pensar soa artigo de luxo? Há dinheiro que
justifique jogar a dignidade pela janela, ao abrir mão de escrever o que, de
fato, se pensa em sintonia com a verdade factual, para ser caixa de ressonância
de mentiras para agradar qualquer um disposto a pagar-lhe pelas borras? E o que
dizer de assinar textos alheios para assumir o recado? Quanta infelicidade
somada. Ao ler tais absurdos, não falta, por certo, internauta a ironizar:
"hoje, não foi ele quem escreveu. O texto está bem feito e quase não tem
erros de português". Sem comentário.
Ressalve-se que a falta de vergonha não tem nada a ver com os sérios
jornalistas e radialistas que são assessores de imprensa assumidos de políticos
ou órgãos públicos. Os que recebem seus vencimentos de forma oficial como
servidores. Estes são honestos - com eles próprios e com a sociedade. A pecha
de picareta, pilantra anexa o rosto de quem ganha dinheiro por baixo do pano
para enganar a sociedade, mas pousa de sério, imparcial. No fundo, não passa de
um deplorável garoto de recado. Um babão mentiroso. O Ministério Público Eleitoral
deveria encontrar mecanismo para impedir a indecência.
Infelizmente, em ano de eleição o problema se acentua, e todo cuidado é
pouco com o que se lê. Há quem ganhe dinheiro à custa da ignorância dos que não
distinguem jornalismo de "recadismo" - podridão que só interessa ao
patrão e ao seu vassalo. Prática nociva à sociedade. Sempre. Sobretudo porque
será que a cegueira permite recusar dinheiro oriundo de corrupção, mesmo num
país onde crianças morrem de fome? Onde os idosos, em sua maioria, não têm uma
aposentadoria decente? Onde um pai de família, quando tem a felicidade de ter
um emprego, muitas vezes, percebe um misero salário mínimo? Onde... Que nada. O
vassalo, via de regra, quer receber "o seu", e não se importa a
origem do "tutu".
Não nutro o mínimo de orgulho por chamar a atenção do internauta para
este tipo deplorável de atitude. Delatar uma pessoa que adota a rotina de vida
do "não importa o que faço, importa o que ganho" não me faz bem.
Realmente, não escrevo este texto com prazer. Mas o faço por dever de ofício.
De justiça. Nem todos os jornalistas são iguais. E o internauta precisa
identificar o trigo para jogar fora o joio.
O internauta precisa também prestar muita atenção ao que ler nesta
eleição. Insisto. Há interesses escusos. Não pode se permitir assinar em baixo
de qualquer juízo sem antes fazer uma reflexão. Ler juízos de outras pessoas
sobre o mesmo tema para, assim, formar a própria opinião. Não se deve importar
o imprestável. É preciso, sobretudo, observar o passado de quem está a ajuizar
para perceber se há sintonia com a imparcialidade. Se tem moral para dar
opinião. Estar esperto não é o bastante, mas não deixa de ser um bom início
para desmascarar qualquer malandro pronto a se dar bem ludibriando.
P.S. O que o pilantra talvez não saiba é que o patrão, seja em um mesa
de bar ou numa sala fechada, costuma delatar o empregado a terceiros. O faz, às
vezes, às gargalhadas. Zomba mesmo sem piedade pelo fato dele se vender com
tamanha facilidade. Deplorável.
Texto do Jornalista Joedson Telles - joedsontelles@gmail.com
Fonte: Site: Universo Político PÁGINA UNIVERSO POLITICO
Foto: Imagem da internet
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