domingo, 25 de novembro de 2018

AS LEMBRANÇAS QUE ME MATAM

Domingo chuvoso é dia pra lembrar do que foi bom e não volta mais. Da gema, nascido na Cândida Vargas e criado no aceiro da mata de Buraquinho, sem medo de nada e estancando o sangue do chamboque do dedo com areia, assim foi minha infância no bairro de Jaguaribe. Onde hoje é o mercado da feira de quarta-feira, havia um campo de peladas que recebia desde jogos do Canto da Vila, que era um time da Vila do Motorista,  treinos do Auto Esporte e Botafogo até alguns circos. Lembro-me do Real Madrid e do Gran Bartolo. Como naquela época a diversão era com carros feitos de lata de leite Ninho e manteiga Turvo, quando aparecia uma coisa diferente a gente achava ótimo demais, como diz Tião. Quem tinha gato escondia, porque o bichano era o rega bofe preferido dos leões e cada um valia dois ingressos. A segurança dos trapezistas se resumia a uma rede e o sinal da Cruz. Passavam talco nas mãos e davam cada pinote de quase saírem pelos buracos das lonas. Além dos palhaços, o que mais me agradava era o Globo da Morte. Geralmente os motoqueiros pertenciam a uma família só. Tinha que ter muita sintonia e confiança. Lembro no Real Madrid do Mário, Marinho e Djalma. Pai, filho e sobrinho.

O Trailer era uma atração à parte. Aquelas casas cheias de novidades tinha até máquina de lavar. Pra gente, aquilo era algo do outro mundo e só conhecíamos por conta da propaganda da Tv Tupi, que passava através de uma repetidora do sinal que vinha do Recife. 

Na pior hora, quando o mastro era derrubado, a lona recolhida e as cordas dobradas chega fazia um nó na garganta. Dava vontade de ir junto.  O ruim era no dia seguinte, que além da saudade ficavam os buracos no chão. Uma tristeza, mas nada que uma pelada não resolvesse.

Tempo bom.



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