sábado, 25 de julho de 2009

O meu país


A música "O Meu país" retrata infelizmente o cenário atual que vivenciamos. Sinaliza a corrupção e miseria a que somos jogados pelo jogo do poder. Ninguem queira se enganar e apenas atribuir a criminalidade existente ao mero executor, que muitas das vezes por não ter o remédio no posto de saúde para o filho, pela eterna ausencia do Estado para com o que apregoa nossa Constituição(saúde,segurança,moradia,educação,etc,etc,etc...)se lança a ir buscar com a mão armada. É muito fácil dizer ao pedinte "Vá trabalhar vagabundo" mas tem um dia que o cidadão de bem de tanto ler nos jornais, de tanto escutar que o politico foi condenado pelo Tribunal de Contas a devolver milhões e milhoes de reais e que nunca devolveu nada, que chega o dia do desespero e que a casa cai. Por sorte, ou azar, o nosso povo é pacato, se estivessemos no Oriente Médio, onde se corta mão de ladrão como penitencia, ou não teriamos mais ladrões ou teriamos uma legião de manetas. Com relação ao autor ao compositor, é Livardo Alves, pessoense 1936/2002. Foi um jornalista e compositor que ficou imortalizado no cenário brasileiro por suas composições, entre elas a famosa marchinha carnavalesca; Marcha da Cueca (Eu mato, eu mato / Quem roubou minha cueca / Pra fazer pano de prato...). Suas canções foram gravadas por nomes consagrados do cenário musical, como Zé Ramalho, Vital Farias,Flávio José, Cátia de França, entre outros nomes consagrados. Morreu aos 66 anos.





Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo



Um país que crianças elimina

Que não ouve o clamor dos esquecidos

Onde nunca os humildes são ouvidos

E uma elite sem deus é quem domina

Que permite um estupro em cada esquina

E a certeza da dúvida infeliz

Onde quem tem razão baixa a cerviz

E massacram - se o negro e a mulher

Pode ser o país de quem quiser

Mas não é, com certeza, o meu país



Um país onde as leis são descartáveis

Por ausência de códigos corretos

Com quarenta milhões de analfabetos

E maior multidão de miseráveis

Um país onde os homens confiáveis

Não têm voz, não têm vez, nem diretriz

Mas corruptos têm voz e vez e bis

E o respaldo de estímulo incomum

Pode ser o país de qualquer um

Mas não é com certeza o meu país



Um país que perdeu a identidade

país que não tem capacidade

De saber o que pensa e o que diz

Que não pode esconder a cicatriz

De um povo de bem que vive mal

Pode ser o país do carnaval

Mas não é com certeza o meu país



Um país que seus índios discrimina

E as ciências e as artes não respeita

Um país que ainda morre de maleita

Por atraso geral da medicina

Um país onde escola não ensina

E hospital não dispõe de raio - x

Onde a gente dos morros é feliz

Se tem água de chuva e luz do sol

Pode ser o país do futebol

Mas não é com certeza o meu país



Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo



Um país que é doente e não se cura

Quer ficar sempre no terceiro mundo

Que do poço fatal chegou ao fundo

Sem saber emergir da noite escura

Um país que engoliu a compostura

Atendendo a políticos sutis

Que dividem o brasil em mil brasis

Pra melhor assaltar de ponta a ponta

Pode ser o país do faz-de-conta

Mas não é com certeza o meu país



Tô vendo tudo, tô vendo tudo

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

Um comentário:

  1. É isso meu caro! A falta de eficácia do Estado e a corrupção escancarada causam problemas crônicos para o país. Apenas a conscientização individual poderá produzir uma alteração em tal quadro.

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