
A música "O Meu país" retrata infelizmente o cenário atual que vivenciamos. Sinaliza a corrupção e miseria a que somos jogados pelo jogo do poder. Ninguem queira se enganar e apenas atribuir a criminalidade existente ao mero executor, que muitas das vezes por não ter o remédio no posto de saúde para o filho, pela eterna ausencia do Estado para com o que apregoa nossa Constituição(saúde,segurança,moradia,educação,etc,etc,etc...)se lança a ir buscar com a mão armada. É muito fácil dizer ao pedinte "Vá trabalhar vagabundo" mas tem um dia que o cidadão de bem de tanto ler nos jornais, de tanto escutar que o politico foi condenado pelo Tribunal de Contas a devolver milhões e milhoes de reais e que nunca devolveu nada, que chega o dia do desespero e que a casa cai. Por sorte, ou azar, o nosso povo é pacato, se estivessemos no Oriente Médio, onde se corta mão de ladrão como penitencia, ou não teriamos mais ladrões ou teriamos uma legião de manetas. Com relação ao autor ao compositor, é Livardo Alves, pessoense 1936/2002. Foi um jornalista e compositor que ficou imortalizado no cenário brasileiro por suas composições, entre elas a famosa marchinha carnavalesca; Marcha da Cueca (Eu mato, eu mato / Quem roubou minha cueca / Pra fazer pano de prato...). Suas canções foram gravadas por nomes consagrados do cenário musical, como Zé Ramalho, Vital Farias,Flávio José, Cátia de França, entre outros nomes consagrados. Morreu aos 66 anos.
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram - se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país
Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país
Um país que perdeu a identidade
país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país
Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio - x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país
Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo
É isso meu caro! A falta de eficácia do Estado e a corrupção escancarada causam problemas crônicos para o país. Apenas a conscientização individual poderá produzir uma alteração em tal quadro.
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