segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O DESTINO DA MILITÂNCIA




A militância política, aquela que também é chamada de rafaméa, mundiça, cheira ovo, burro de carga e chaleira, deveria atentar para um detalhe para ver se vale a pena continuar se matando feito soldados em plena guerra: depois de eleito, seu líder o convida para alguma coisa?

Convida não. Nem para a festa da posse, que é comemorada em ambiente fechado, de acesso restrito e vigiado, só entrando lá quem tem senha ou convite por escrito.

Durante a campanha o candidato é povão. Depois dela, povo chique. Sempre foi assim e sempre será.

Lembro que quando certo governante foi eleito, ele que assou a bunda andando na cacunda de Naná Montenegro, comemorou num sobrado medieval ao lado de um restrito e selecionado público. Mas não foi só ele não, os outros também, todos eles, sem tirar nem por.

O militante é o idiota que troca tapas, facadas, dá e leva tiros, se rasga no meio da rua, perde a mulher, leva chifres, vai preso, carrega bandeiras e faixas pelas passeatas, recebe dedadas naqueles lugares misteriosos, esquece de comer, perde o emprego por abandono, mas só tem serventia durante a campanha. Depois dela, vira coisa imprestável, lixo, sucata.

Vendo esses militantes de Campina Grande decretando verdadeira guerra no meio da rua, fico a imaginar o destino deles, dos dois lados, a partir de segunda-feira. Vão todos ser esquecidos. O vencedor e o perdedor, ambos na vala comum dos descartáveis, enquanto os lá de cima, os alvos de suas idolatrias, cuidarão de se arrumar, empregando em postos chaves aqueles que financiaram as suas campanhas e tratando eles próprios de ajeitar a vida da família, porque de bêstas não têm nada.

Eu já fui do time dos idiotas. Lá no meu sertão carreguei faixas e bandeirolas para certo candidato, fiz passeata, até comícios, mas quando viajei para a cidade grande e procurei um achego no poder dele, recebi de volta uma banana. Aprendi depois de algumas cabeçadas que não vale a pena se matar por politico. A maioria, 99,9 por cento calça 40. O bom mesmo é mangar deles, dizer que vota num e não vota em nenhum. Eles nos enganam a vida toda, portanto merecem ser enganados também. Uma vezinha ao menos.



* Texto do jornalista Tião Lucena





2 comentários:

  1. Você precisa colocar um aplicativo de compartilhamento...apesar de ser a pura verdade, rachei de ri com esse artigo! Muito bom!

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  2. Tatiana, existe um aplicativo para compartilhar... Na parte superior tem o o nome "mais" e uma seta. Basta clicar que será feito o compartilhamento.

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