quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CADÊ A FESTADO ROSÁRIO?



Li alguma coisa no jornal sobre a festa do Rosário e fui conferir.  Preparei-me para fortes emoções ao passar o sinal da Vasco da Gama com a Primeiro de Maio, ali em frente à Casa da Cidadania, onde no passado funcionou o Cine-Teatro Santo Antônio. Parei diante do portão principal do muro que circunda a Igreja do Rosário, tive vontade de entrar mas freei no meu ímpeto – afinal, a última vez que estive naquele templo, eu absolutamente anônimo e a Igreja absolutamente vazia, senti uma enorme nostalgia, quase tristeza por assim dizer.

Ao seguir em frente, demandando o antigo pátio da feira de quarta-feira, estendi a vista para ver melhor o pavilhão central, as barracas de cachorro-quente e as tendas das quermesses que, ao lado do carrossel e da roda-gigante, fizeram a alegria da minha infância nos primeiros dias de cada outubro daquele tempo.
 Mas, o quê? Nem sombra de qualquer barraca, nem o mais leve sinal do gordo  careca que servia o melhor cachorro-quente da Noite Ilustrada – acho que era este o nome de sua barraca. Olhei pra cima mas não consegui avistar a roda-gigante, aquela em que eu, lá do alto, morrendo de medo, via a Lagoa por inteiro e até um pedaço de Tambaú...

Resolvi continuar minha caminhada em direção ao quase nada. Pois, a par dos modernosos prédios que fazem o Centro Administrativo, só enxerguei uma barraca estilizada no meio do antigo pátio da feira, onde funcionários desocupados tomavam cachaça e falavam mal do Governo.

Que foi feito da Festa do Rosário? Por onde andam as moças da sociedade do bairro que enfeitavam as noites da festa no pavilhão da Paróquia? Cadê os potentes alto-falantes que distribuíam, pelo serviço de som da festa, as mais românticas canções de Emilinha Borba, Carlos Galhardo e Nelson Gonçalves? E os garçons do pavilhão que nos brindavam com a cerveja Teutônia mais gelada e ainda serviam de estafeta pra levar os nossos bilhetinhos aos brotinhos de Jaguaribe?

É a verdade! O progresso acabou com a Festa do Rosário e vai acabar, nestes próximos anos, com a Festa das Neves. Os palanques eletrônicos e os sons de computador já não deixam vez para Teones Barbosa, Tabajaras do Ritmo, Ruy Bezerra e Nelie de Almeida cantarem na minha Festa do Rosário.
E com a Festa que acabou, também vão se acabando as últimas lembranças daquela cidade mais solidária, bem menor é certo, mas muito mais conhecida de todos nós.

Ainda bem que a Igreja do Rosário continua lá de pé, firme como uma rocha e, se a festa acabou, a crença em Nossa Senhora do Rosário parece cada dia mais forte naqueles habitantes de Jaguaribe, muitos deles que ainda moram nas velhas casinhas de taipa do bairro que me viu nascer e que me ensinou a viver. São vivendas modestas, pequenas e desconfortáveis que ainda resistem mas que, mais dia menos dia, o progresso haverá, também,  de transformar em tristes restos de demolição depositados em possantes caminhões de entulhos.

E sobre a notícia do jornal, depois verifiquei bem: tratava-se da Festa do Rosário de Pombal, onde o povo ainda tem a alegria de comemorar a data da Virgem Santa. Amém.







Um comentário:

  1. Esse ano não haverá a parte "profana" da festa. Apenas um tríduo e a missa solene. :/

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